As lágrimas escorrem pela minha face, mas você já é de outra e disso eu já sei há muito tempo, só não quis tomar como verdade anteriormente. As lágrimas não me adiantam de nada.
Tudo que vivemos me vem sintetizado num filme mental, pouco atraente àqueles que não o compreendem.
Você tem cheiro de areia para mim, cheiro de muitos anos atrás, cheiro de um verão distante, pincelado por cores ingênuas, mas ao mesmo tempo tão fortes que chegam a me relembrar a nossa paixão absurda.
Tem também o cheiro da menina que fui e do menino que você foi um dia, que se deixou esmorecer pelo jovem adulto que não reconheço mais, infelizmente.
Mas o amor é mesmo uma pilhéria, não é? Mesmo não reconhecendo o menino a quem deu vida ao meu amor oceânico, este mesmo continua habitando o meu peito, cheio de ardor e de um magnetismo gigantesco, que até hoje não sei como explicá-lo.
Por quê você tanto me fez refém deste magnetismo? Por qual razão você não se magnetizou à mim da mesma forma que o fiz? Por covardia, talvez. No fim, você sempre preferiu o raso, já eu não sou rasa e você foi se afundando sem querer querendo.
Você me conhece, porém finge que não, eu lhe conheço e verdadeiramente afirmo que sim, mas e hoje? Escolho dizer que não lhe conheço, sopro ao destino você. Prefiro não lhe conhecer, não conhecer esta nova persona que lhe sucumbe da cabeça aos pés, afinal, posso me decepcionar, já me diria você.
Eu desisto, como se faz num jogo que muito se vicia e que pouco se dá resultado. A gente se despede então, nesta noite quente, solitária e cheia de pensamentos lacônicos.
Uma parte de mim acaba por explodir neste exato momento, dissipando-se no espaço como um amor incompleto, porém cheio de dizeres que florescem no ar a cada nova e velha lembrança. Já a sua parte, quando se deixou explodir?
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