Eu não consigo lhe esquecer, já tentei muito, noutras bocas, noutras paisagens, noutros risos e de nada adianta. Não existe remédio para você, não existe taça de vinho que lhe cegue de meus olhos ingênuos, não há nada! Você se fez germinar em meus lábios, criou vida e saiu caminhando cheio de malandragem por todo o meu corpo. É por isso que lhe sinto tão latente em mim.
Acordo de supetão às três da madrugada e é você me tocando o braço, pedindo-me para acordar, pois estou sonhando com você, você não quer isto, quer distância. Considero-me cheia de idealizações, porém não tenho dúvidas de que você não pertence a nenhuma delas, você é fruto de uma energia espiritual. Vejo-lhe em gestos, imagino como se sente neste momento e dificilmente erraria, posto que estamos interligados por algo maior que se passa nessa existência, parecemos um só corpo.
Tudo que aconteceu antes e depois de você parece ilusionístico, raso e de pouco valor. Quando nos encontramos, em raros momentos, espanta-me o fato de existir um mundo que só nós conhecemos e em toda frase sua reitero este imbróglio que o destino nos fez. No fim, você não me aguenta, afasta as minhas ideias, meu exagero, minha intensidade fugaz, o meu corpo de fogo, minha fortaleza de mulher, mas quem é você perto desta vida louca? Nada.
A vida me atrai a você e você não se nega, cai na armadilha mais uma vez, entorpecido por uma fantasia de um passado distante e ao mesmo tempo presente. Toda armadilha objetiva matar sorrateiramente um hábito, contudo você se habituou a me ter como uma constância em sua vida e eu fiz o mesmo, bobos não?
Somos escravos de um senhor de engenho forte e cruel que é a vida. Do doce do engenho só se extrai o nosso beijo, infelizmente. Somos cruéis um com o outro e por isso não fomos feitos para durar, fomos feitos para ser memória, empoeirada pelo tempo, mas facilmente retirada num sopro de amor. Sopre-me sempre, sejamos obedientes.
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