A mudança é uma das coisas mais bonitas desta vida, até porque, o que é a vida senão uma borboleta que vive a bater as suas asas, sem hora para chegar em nossas janelas, sem hora para voltar, mas sempre constante e visíveis aos nossos olhos.
Por toda a minha vida convivi com mudanças. Mudei de cidades algumas vezes, estudei em escolas diversas, viajei bastante e, o meu combustível maior sempre foi conhecer e destrinchar o novo.
Na minha infância, fui matriculada em duas escolas, em cidades diferentes e hoje, sem o olhar de criança, percebo que nesta época eu morava mesmo na estrada, acompanhando meus pais nos destinos que eram pintados a eles. Descobri que sou estrada, por isso adoro viajar de carro, sem pressa para chegar onde devo.
Porém, nunca mudei, nunca mudei a minha essência, nunca tentei mudar os meus vícios, meus apegos e desapegos. É preciso fazê-los? Ou apenas lhes encarar de outro modo?
Nunca olhei tão profundamente para dentro de mim como ando fazendo neste novo ano de 2021. Estou acesa, como as chamas de uma fogueira, mas sem arder como outrora. Estou acesa como o sol que me bate ao amanhecer, mas sem me deixar sucumbir pelos seus raios fortes, que desnorteiam. Ando atendendo mais a mim e a liberdade do destino, sem muito tentar decifra-lo.
Descobrir o que verdadeiramente se é, é uma dura peleja, mas que vale a pena. Cada minuto desta peleja é parte do caminho, do processo, do meio e, como já disse Martha Medeiros: “Tudo acontece no meio”. Que possamos não nos desvirtuar do meio!
Olhar para si mesmo, com crueza e com a sensibilidade que geralmente somente temos para com o outro, exige muita coragem. Exige muito autoamor e deste autoamor, eu lhes juro, transcende o amor pelo mundo.
A minha intensidade me abre brechas para entender que o momento presente é o melhor de todos os momentos mas, nesta caminhada que ando traçando, percebo que algumas de minhas verdades, sempre tão absolutas, não fazem tanto sentido quanto achava que fizessem.
O que todos nós queremos, o que todos almejamos, é paz. Paixão não traz paz, o amor traz, o amor genuíno. Paz é felicidade e, para poder encontra-la, antes é necessário se deixar invadir pelo caos.
O caos faz parte deste encontro, a calmaria sem o caos não consegue se manter viva. O equilíbrio depende do desequilíbrio e a vida assim sempre será, como num efeito borboleta, uma inconstância serena, basta que a analisemos de outras perspectivas.
Há palavra mais correta para resumir a vida que não seja: perspectiva?
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